terça-feira, 9 de junho de 2009

Da Arte Feminina de (não) Ser



Não, não há somente beleza em ser mulher. Às vezes dói.Mutilamos as cutículas das unhas, colamos as dos cabelos,descolorimos uns fios, botamos tinta noutros,tiramos o espartilho, mas assumimos a responsabilidade de continuarmos apertadassem a ajuda dele.Clareamos os dentes, escurecemos a pele. Artificialmente.Engrossamos a alma, afinamos os calcanhares,lavamos o suor do rosto para o lambuzarmos de base.Arrancamos os pêlos. Peruca pra quando eles não nascem.Fortalecemos a individualidade, enfraquecemos os laços.Cada vez mais.Não, não há certeza presente no rosa. É desigual.Aumentamos a fome: de doce, de amor ou de vida,mas comemos menos de todos eles.Desejamos um filho, desistimos de tê-lo,afogamos a fraqueza do medo e choramos cada vez mais em romances.Deixamos de fazer romance.Procuramos ser mil, ofendemo-nos por não sermos únicas,atraímo-nos pela efemeridade, magoamo-nos pela falta de raiz,rivalizamo-nos na guerra, amparamo-nos da deserção.Esquivamo-nos de ser o que somos.Dissimulamos, depilamos, colorimos.Engolimos o salgado das lágrimase saboreamos a doçura dos sorrisos.Pra dias de sangue, absorvemos edisfarçamos.Um jogo pra qualquer cintura.Não é belo nem certo.Mas é artístico..

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